quarta-feira, 29 de maio de 2013

A farsa da nova classe média e a velha pobreza de sempre

Canto dos Chiuauas

Outro dia eu até postei aqui uma apresentação de standup comedy protagonizada pela professora da USP Marilena Chiuaua. Entre uma piada e outra, a funcionária do Estado deixou escapar pérolas como "a classe média é fascista" e "a classe média é ignorante". O ponto alto do show foi quando ela mencionou que a "nova classe média" não seria uma classe social politicamente falando, sendo errônea a concepção de que esses milhões que emergiram no governo Lula comporiam a tal nova classe média. Ela não estava errada.

Segundo a FGV

Classe A: Acima de R$9.745,00
Classe B: de R$7.475,00 a R$9.745,00
Classe C: de R$1.734 a R$7.475,00
Classe D: de R$1.085,00 a R$1.734,00
Classe E: de R$0,00 a de R$1.085,00

Logo, qualquer família que tenha renda familiar de R$ 2.000,00 já está inserida nessa nova e pujante classe, pois a nova classe média tem renda familiar mensal entre R$ 1 mil a R$ 4 mil. O resultado do próprio Censo mostra que a chamada “nova classe média” representa cerca de 50% das favelas e ocupações.  Também faria parte da classe famílias com renda entre R$ 291 e R$1.019 per capita.

Família Silva da nova classe média

Imagine uma família composta por 4 pessoas que moram na periferia. A mãe é do lar e o pai trabalha na construção civil, com salário de R$1.735,00.  Os filhos estudam no colégio público, onde o ensino é péssimo e existe criminalidade dentro da escola. Descontados os 8% de INSS, sobram R$ 1.596,20. Como ganham mais de R$1.566,00, não estão isentos de impostos. Pagarão R$ 130 reais mensalmente por mês pelos 7,5% de IR. O gasto com o leão será quase igual ao 13°. O que sobra de seu salário são R$ 1.466 para pagar as demais contas e fazer as compras. Vamos conjecturar que esse casal ainda paga o dízimo do bruto do salário, sobrando assim apenas R$ 1.293,00.

Brazilian way of se ferrar

Se os Silva morassem nos EUA, os R$ 1.735,00 deles seriam apenas cerca de U$ 860,00. Essa renda seria tão baixa nos EUA que essa família seria considerada muito pobre. Hoje, no governo Obama, há 50 milhões de americanos na pobreza, dos quais mais de 15 milhões na pobreza extrema. A pobreza americana, porém, é diferente. Uma pesquisa da Fundação Heritage, aponta que, entre as famílias consideradas pobres nos EUA:

- 80% têm ar-condicionado em casa;

- 92% têm forno de micro-ondas;

- quase 75% têm pelo menos um carro;

- mais de 60% têm TV a cabo;

- mais da metade tem computador, e 43% têm acesso à internet;

- 83% das famílias afirmam ter alimentos suficientes;

- 42% delas são proprietárias das residências onde moram.

Nos países em desenvolvimento, o Banco Mundial caracteriza como pobres os que ganham menos de US$ 2 por dia, e extremamente pobres aqueles que ganham menos de US$ 1,25. No Brasil, o IBGE  classifica como pobre quem vive com uma renda mensal de até R$ 134.

Pobreza matemática
Nos EUA, consideram-se extremamente pobres aqueles cuja renda anual não chega a US$ 10 mil (US$ 833 ao mês – R$ 1.465). Uma pessoa é pobre se sua renda anual não chegar a US$ 11.334 ( US$ 944 por mês – R$ 1.663), enquanto uma família de 4 pessoas é  pobre se a renda familiar anual não chegar a US$ 22.314 ( US$ 1.860 mensais –  R$ 3.276).

Falsa classe média

Se fossem usadas as medidas americanas no Brasil, 55% da população seria considerada pobre, incluindo dois terços da classe média do País.  Ainda segundo o DIEESE, o salário mínimo deveria ser de R$ 2.824,00 apenas para cobrir as necessidades básicas dos brasileiros. Portanto, mais da metade da "nova classe média" é chamada de classe média, mas, na prática, vive de forma medíocre.

Sociedade de classes

De acordo com o sociólogo Jessé Souza, o que de fato surgiu foi uma “nova classe trabalhadora precarizada”. É uma classe que foi inserida principalmente no comércio, em serviços e em pequenas indústrias. É mais explorada, aceita trabalhar 12, 14 horas por dia. Como na sociedade há o capital econômico e o cultural, essa visão atual de classe média considera só a renda. Logo, os gargalos educacionais e as péssimas condições de trabalho ficam escondidos atrás dessa nova classe de escravos do século XXI.

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2 comentários:

  1. Caramba , pobre quem ganha até R$ 134,00 ! Isso é ser miserável !

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  2. O que realmente diminuiu no Brasil foi o numero de miseráveis. Agora o governo está usando o imposto do trabalhador para encher a barriga dos pobres em troca de voto. Ó correto seria criar condições para que os pobres conseguissem mais educação e melhores empregos através da diminuição da carga tributária.

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