quinta-feira, 9 de maio de 2013

As boas e más dicas para dinâmicas de grupo - e a Síndrome da Má Vontade

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Má Vontade

Disposição desfavorável a execução de determinadas atividades, nem sempre complexas e muitas vezes fáceis. Total desinteresse em investir esforço em atividades sem remuneração real a curto prazo.

De boa vontade

Algum tempo atrás fui para um dinâmica de grupo. A vaga era numa empresa de pás de energia eólica que fica em Sorocaba. Ao chegar no local da dinâmica, apenas 6 dos 20 inscritos compareceram. Logo, presumi que as chances eram boas.

O motivo do comparecimento era porque os candidatos tinham que se informar sobre as energias alternativas.

A psicóloga mandou que os presentes fizessem dois trabalhos em grupo que tinham um tempo curto para a execução. No primeiro, cai num grupo com duas pessoas que repararam que eu realmente estava falando muito, mas fiz questão de ouvir todas as opiniões de todos e acatar todos no grupo.

No segundo trabalho fiquei num outro grupo, onde minhas ideias não foram tão bem aceitas, apesar de que depois, partiram de outras pessoas e foram aceitas. Cedi às ideias dos dois. Deu para perceber que não eram tão polidos quanto os outros. Outra vez, fiz questão de não querer aparecer na apresentação e todos falaram de forma equitativa. No fim das atividades, agradeci a todos que colaboraram comigo.

Feed-back-stabbing

Ao terminar a dinâmica, a psicóloga nos mandou fazer uma roda e fazer uma crítica e um elogio aos componentes com quem trabalhamos.

Sempre aprendi as três regras máximas para se dar bem num grupo: não julgue, não critique e não reclame. Logo, apenas elogiei a todos e me isentei de fazer qualquer crítica desnecessária. No entanto, pequei ao reconhecer que fui muito pró-ativo e dei oportunidade para se tornar um alvo.

Infelizmente, o prego que se destaca é o primeiro a ser batido. Pelo fato de ter sido o participante que mais contribuiu nos trabalhos e que mais ideias ofereceu, me tornei o alvo predileto dos outros componentes. A psicóloga deixou CLARO que ninguém podia rebater as afirmações que fossem eventualmente feitas contra você.

As duas pessoas com quem fiz o primeiro trabalho fizeram críticas construtivas e delicadas a mim. Tudo bem até ai. Mostraram que sāo excelentes profissionais.

Patifaria intencional

As duas pessoas com quem fiz o segundo trabalho aproveitaram as críticas sutis que foram feitas pelos outros e resolveram apenas falar mal de mim. O primeiro a falar fez uma crítica dura, do tipo que não se faz em público. Afirmou que eu suplanto pessoas tímidas (ele?). Tudo bem. Respeito a opinião dele.

O segundo a falar - que por sinal comovera a todos ao dizer que era um sobrevivente de um câncer - resolveu fazer algo inacreditável: inventou que durante os trabalhos eu gritei com o grupo e que eu teria inclusive reconhecido isso a eles!

A psicóloga se surpreendeu. Fiquei surpreso e calado, pois não era permitido rebater afirmações do outros. Estupefato, comecei a imaginar o que motivaria uma pessoa a inventar algo tão sujo e rasteiro para dar uma pernada em alguém numa dinâmica. Se eu falasse algo, seria a minha palavra contra a dele e os comentários dos outros reforçaria a ideia de que eu estaria acusando injustamente o mentiroso de mentir sobre mim.

Legião da Má Vontade

A vida é assim. Não podemos dar mole, tampouco imaginar que os outros serão tão éticos como nós. É preciso se precaver para não cair nessas armadilhas do destino.

Acabei se tornando mais uma vítima da Síndrome da Má Vontade. Outras pessoas, sem afinco para cumprir a tarefa no tempo estipulado, resolveram mirar na pessoa que mais afinco teve para concluir tudo em tempo. A má vontade contamina as pessoas. Se eles não estavam conseguindo, a culpa só poderia ser de quem estava os ajudando. Pouco importa se foi devido a você que a tarefa foi feita em tempo.

Aprendi uma lição muito triste: muitas vezes devemos agir de forma medíocre só para não destoar do resto do grupo. Mesmo tentando não aparecer, as pessoas parecem que ficam com inveja de que tem ideias que eles não tiveram. A má vontade alheia faz com que as pessoas maldem da excelência com que você executa determinadas funções. Por que afinal fazer algo ótimo se você pode fazer algo razoável?

Onze leis para se prevenir da má vontade alheia que não me foram úteis nessa dinâmica, mas que eu ainda defendo:

1- Jamais creia que você está certo e os outros errados. Saiba acatar as opiniões alheias, mesmo que discordando delas. Defenda suas opiniões sem ofender os outros.

2- Jamais reclame de algo e principalmente de pessoas.

3- Valorize o trabalho dos outros. Sempre responsabilize as pessoas a sua volta pelo seu sucesso individual. Isso vai mostrar que você não chegou sozinho aonde está.

4- Nunca, nunca conte vantagem ou conte grandes feitos do passado.

5- Saiba liderar, mas saiba ser liderado. Se ninguém faz determinada coisa, ofereça seus serviços e não ponha a culpa no responsável.

6- Não se ofenda com críticas. Saiba que ao rebatê-las você pode causar um atrito ainda maior. Perdoe quem foi injusto com você e siga em frente com mais prudência.

7- Antes de passar uma informação, pense se ela não pode ser considerada ou se tornar uma fofoca. Contribuir para a difamação de alguém pode ser fatal. Tome cuidado para não distorcer algum acontecimento, do contrário pode comprometer outra pessoa - como aconteceu com o mentiroso.

8- Ao ver o desinteresse alheio, faça o possível para avançar a função sem encomodar quem não quer ser encomodado. Tem gente que é inofensivo em sua inércia, porém perigoso em sua fala.

9- Não dê detalhes de sua vida pessoal, crenças, ideologias, etc. Tudo o que você disser pode corroborar para noções preconceituosas das pessoas, além de dar munição aos seus críticos. Fale da sua vida apenas para quem você confia.

10- Nunca se esqueça que você está sendo observado por todos e que suas ações serão maldadas. Se prepare para ser criticado, julgado e que reclamem de você. Não seja rancoroso, responda as críticas sendo ainda mais gentil.

11- Tome muito cuidado com as críticas que você faz a você mesmo. Muitas vezes, ao reconhecer certo defeito, você está dando brecha para que outros possam criticá-lo por esse defeito, uma vez que até você o reconhece. Reconheça seus erros para as pessoas certas e no momento oportuno.

Jamais faça numa dinâmica:

1-Demonstrar comportamento arrogante.

2- Possuir timidez demasiada, sem participação efetiva.

3- Fingir comportamentos.

4- Boicotar algum membro do grupo.

5- Buscar destaque em excesso, não permitindo a participação dos demais membros.

6- Não falar a verdade.

Observação: Devo ter sido fatalmente o único eliminado nessa dinâmica, mas desejo sorte ao sobrevivente de câncer mentiroso. Espero que ele se divirta com as pás lá em Sorocaba.

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