quinta-feira, 9 de maio de 2013

Mark Sandford e a hipocrisia política americana

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Eleição especial

Ontem o primeiro distrito da Carolina do Sul (extremamente conservador) teve uma eleição especial para deputado. Os democratas contavam com Elizabeth Colbert (irmã do humorista Stephen Colbert), já os republicanos contavam com o ex-governador Mark Sandford.

Passado Condenável

Sandford fora deputado anteriormente pelo distrito e nos anos 2000 foi eleito governador. Um leão fiscal, Sandford, sempre foi elogiado como líder, mas acabou cometendo um deslize imperdoável.

Durante uma viagem, mentiu publicamente dizendo que ia para as montanhas, mas na verdade pegou um voo com dinheiro público para passar finais de semana com sua amante Argentina. Quando tudo veio a tona, Sandford, que votara para impitimar Clinton por causa do escândalo com Monica Lewinski, negou-se a renunciar.

Sandford ainda tentou se reconciliar com a esposa através de sua igreja, mas a traída se negou a voltar pra ele. Sem mais escolhas, Sandford assumiu seu relacionamento com sua ex-amante argentina.

Sul Profundo

A Carolina do Sul é um estado muito conservador. Com mais de 80% de protestantes, ainda é um estado com um cultura que odeia o governo e que nunca esquece da derrota dos confederados na Guerra Civil.

Resultado

Sandford começou a campanha mal, chegando a estar 9 pontos atrás de Elizabeth. Ele chegou a dizer que se perdesse, jamais se candidataria denovo.

As mulheres foram as que menos perdoaram o passado de Sandford, apoiando totalmente a candidatura de Elizabeth. Sandford ainda foi massacrado no debate e todo o seu passado foi recordado. Ainda assim, quando se abriram as urnas, Sandford venceu de 54% a 46%.

Comento

Sou conservador e sempre costumo me indignar com as atitudes dos democratas, mas Sandford é um caso de hipocrisia imperdoável. Na política, um homem público não pode trair a mulher, mentir para o povo e usar dinheiro público para se divertir com a amante. A eleição dele foi um erro e até o Comitê Republicano se negou a apoiá-lo.

Dois pesos e a medida liberal

Nem sempre a imprensa pega no pé dos conservadores de forma justa. Em Nova York, o governador democrata usou verba pública para se divertir com várias prostituras. Anthony Weiner, deputado democrata de Nova York, teve de renunciar quando descobriram que ele enviara fotos de seu pênis pelo twitter para 5 universitárias ao redor do país. Nos dois casos, a imprensa caiu de pau, porém, diferente de Sandford, o perdão veio logo depois.

A imprensa adora passar a mão naquela cabeça dos democratas. Nos anos 90, cansaram de falar que Clinton estava sofrendo impeachment só por ter feito sexo com a estagiária. Na verdade, o impeachment era porque Clinton cometeu perjúrio, obstrução das investigações e por usar seus poderes para arrumar um emprego para Lewinski.

O deputado republicano Mark Foley (gay enrustido) foi defenestrado e renunciou apenas por mandar uma cantada por cartão para um estagiário maior de idade. No entanto, Barney Frank (democrata e gay assumido), quando confrontado sobre um caso que teria tido com um menor de idade no passado, assumiu e disse que ninguém tinha nada a ver com a vida dele. O democrata pedófilo se deu bem e o republicano gay teve de renunciar.

Para a imprensa não existe escândalo sexual quando o político é liberal, pois a vida normal de um liberal já é um verdadeiro escândalo sexual.

Concluindo

Sandford nunca deveria ter sido eleito. Sua vitória dará munição para os liberais acusarem os republicanos de hipocrisia. No final das contas, Sandford venceu a irmã de um engraçadíssimo comediante, mas a piada sem graça foi a sua própria candidatura.

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